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  • Foto do escritorCarol Yu

2024: Por que o Burnout persiste?

A saúde mental ficou ainda mais em foco durante e pós a pandemia no entanto, apesar dos esforços e da crescente oferta de yoga, terapia, meditação.. os níveis de burnout, depressão continuam altos. Estima-se que 9 de 10 empresas oferecem algum programa de bem-estar, e de fato, vemos cada vez mais campanhas de conscientização e ações de bem-estar corporativo. Ainda assim, em recente pesquisa realizada pela McKinsey Health Institute, de 2022, um em cada quatro funcionários pesquisados relatou ter tido sintomas de burnout com “frequência” ou “muita frequência” (e mais de dois terços, “às vezes”). Essas altas taxas foram observadas em todo o mundo e em grupos demográficos variados. Vale ressaltar que os resultados também apontam que as mulheres relatam maiores taxas de sintomas de burnout (juntamente com sintomas de angústia, depressão e ansiedade).


Então, por que os níveis de adoecimentos, estresse, denúncias de assédios e alta rotatividade continuam altos e os níveis de satisfação continuam abaixo? Muitos devem se familiarizar com o sentimento de esgotamento, cansaço, impotência e insatisfação ao fim do expediente. 


Entendemos que somente estas ações na esfera individual não são suficientes pois as ações muitas vezes estão direcionadas para os sintomas e não para as causas. Com isso, não estamos criticando as iniciativas já existentes - elas são importantes e relevantes. Esperamos apenas trazer questionamentos sobre a eficácia e expectativa dos resultados das ações atuais individuais para as problemáticas existentes sistêmicas. Dificilmente conseguiremos combater discriminação, assédio, sobrecarga de trabalho, falta de limites ou sentimento de insegurança psicológica no ambiente corporativo com sessões de meditação e yoga, ainda que estas últimas tragam um certo acalento ou sensação de bem-estar geral.


Será que não estamos tentando apenas tapar o Sol com a peneira?


Um breve momento de matemática, vamos lá! Dentre as 24 horas de um dia, idealmente dedicamos 8 horas para dormir; nos resta 16 horas ativas. Dentro dessas 16 horas, provavelmente destinamos 9-10 horas para o trabalho, ou seja quase 63% do seu tempo acordado, sendo ainda generosa, acreditando que há um certo equilíbrio ou limite entre a sua vida pessoal e profissional (isso, se você estiver em um regime de trabalho formal, CLT ou PJ - se você estiver em um regime informal, acrescente mais algumas horas à conta, se adicionarmos recortes de gênero, raça, classe, veremos resultados ainda mais diversos). Resumindo, considerando a vida ativa de um trabalhador assalariado, no mínimo, 63% do tempo é destinado ao trabalho - mais da metade! 


Então, por essa matemática simples, podemos intuir que o que acontece no trabalho, seja a forma como lidamos com as tarefas em si (demandas), as relações horizontais e verticais que acontecem neste espaço e como eu me percebo nele influenciam diretamente o nosso cotidiano. 


Os reflexos deste desequilíbrio recaem sobre o trabalhador, mas indiretamente para as empresas, pois todos os impactos individuais somados impactam diretamente na produtividade e eficiência da empresa. Segundo pesquisa de Sapien Labs (2022) indivíduos com pontuação baixa no questionário de saúde mental e bem estar podem ter perda de 20 a 50 % da produtividade de 18 a 23 dias no mês. Que empresa quer isto? Imagina essa falta de produtividade em escala? É preciso fazer algo que genuinamente impacte a situação atual, se não este sistema não será sustentável. Os humanos não serão sustentáveis.


Diante deste cenário atual, como podemos repensar a nossa relação com o trabalho de forma sustentável? Quando pensamos em programas de saúde mental e bem-estar no mundo corporativo, em quem estamos pensando e como estamos avaliando os seus efeitos reais no cotidiano?




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